RESUMO
O valor médio encontrado para complacência do sistema respiratório foi de 0,42ml/cmH2O/kg, considerado muito baixo para qualquer idade. A média da resistência se mostrou elevada para qualquer faixa etária. O comprometimento da mecânica respiratória foi associado à presença de injúria pulmonar e sepse. Foram encontradas associações, com significância estatística, em relação à baixa complacência/kg e maiores alterações no índice de ventilação. A resistência alta foi relacionada aos piores índices de ventilação e mais baixas relações PaO2/FiO2. Os demais índices testados não se correlacionaram com as alterações da resistência e da complacência.Quando feita a análise morfológica das curvas obtidas, foi possível detectar sinais que traduzem informações importantes em relação à mecânica pulmonar, como sinais de obstrução expiratória e hiperdistensão alveolar. Também foram obtidos subsídios sobre a necessidade de mudanças nos parâmetros do respirador e possíveis falhas de funcionamento, como vazamento no circuito, presença de PEEP inadvertida e volumes anômalos. Conclusões: medidas quantitativas de complacência e resistência do sistema respiratório devem ser incorporadas às rotinas das unidades de terapia intensiva pediátrica, porém, devem ser analisadas com cuidado, uma vez que existem diversos artefatos que podem alterá-las. A análise qualitativa da morfologia das curvas é instrumento útil para a detecção de alterações da mecânica respiratória e mau funcionamento do ventilador mecânico.